01 dezembro 2009

Sem lugar marcado





















































28 outubro 2009

sobre Saramago e o comentário de Zimler.

É muito fácil chegar ao século XXI e proclamar a bíblia como «livro de metáforas», ou qualquer outra expressão pertinente, que apraza ao espírito de cada um. No fundo, são só palavras. Mas até que ponto esta consideração, que abrange todo o intelecto humano, é lícita? A questão aqui, não é o que nós, homens indolentes e pensadores a tempo livre, podemos subtrair de um livro «romanceado». A bíblia não é um livro comum. Não é como nada que exista na nossa sociedade ocidental, e tem arrastado toda a nossa organização social durante séculos. Não há como negar, que o homem vulgar, morto ou mortificado pelas leis bíblicas, na idade média, tenha parado para pensar: «ah, a bíblia é uma criação do homem!». Até Gutenberg, apenas os selectos tinham acesso a ela, e se em complacente eucaristia se viam as mensagens do senhor, então elas eram levadas à forma de dogma, e não de advertência poética. O que Saramago faz é mais do que criticar a igreja. Com efeito, aquilo que diz não é novo, como ele próprio admitiu, e já passou bastante tempo desde que, no século XIX, Nietzsche chocou a comunidade filosófica ao advertir que deus tinha morrido. Podemos recorrer a outros tantos autores, espíritos certamente elevados, que o proclamam também, indubitavelmente. O que não podemos perder de vista, é a constatação da forma pouco digna com que a palavra de deus foi apropriada pelo homem (sendo sua própria criação, ou não, dependendo da crença de cada um). Porque sim, há quem, em todos estes dois mil anos, tenha morrido pelo capricho da «sua vontade». A bíblia não é só um livro: tanto o antigo como o novo testamento são e foram uma forma de exploração do homem pelo homem, e não admiti-lo seria, isso sim, pura infantilidade. Saramago já o sabe, como tantos outros. A sua razão aqui não lança achas à mediocridade da visão humana; um grande escritor não escreve para vender, escreve porque deve. E se há em tudo isto uma ironia a retirar, seria esta: devemos agradecer aos céus, por um tão brilhante homem compartilhar a nossa pátria.
(Depois de ter, de forma frustrada, tentado escrever isto no público, ponho-o aqui, com propositada arrogância, para que me sirva, e para aquietar a minha agitação, que se indigna com tudo isto).

09 outubro 2009

berlim a preto e branco

máquina: praktica mtl 5b
rolo: ilford (pb), 35mm, iso 100
[sem edição de imagem]















05 outubro 2009

28 setembro 2009

danças em filmes. #3 e #4


excerto: "bande à part" (1964), jean-luc godard
actores/dançarinos: anna karina, sami frey e claude brasseur
música: michel legrand


- uma vez que o "bande à part" deu o nome à produtora do tarantino, "a band apart", cujo primeiro filme produzido foi o "pulp fiction";
- e uma vez que a dança no "bande à part" inspirou a famosa dança no "pulp fiction", cá fica um bónus:


excerto: "pulp fiction" (1994), quentin tarantino
actores/dançarinos: john travolta e uma thurman
música: "you can never tell", chuck berry

24 setembro 2009

stockholm-berlin #1

máquina: praktica mtl 5b
[sem edição de imagem]











09 setembro 2009

Verão.

Em Setembro virão as marés vivas e depois o Outono começará a despir as árvores, antes que um céu plúmbeo se abata sobre nós e uma chuva sem remorsos varra da nossa pele os últimos vestígios de sal.
A partir daí, ficamos à espera, outra vez. Pelos céus azuis, pelos peixes prateados, plea limpidiz da água, pelos risos das crianças. Não quero que desesperes na espera: haverá sempre Verão, sempre, para além de nós mesmos, e por mais demorado que seja o seu regresso.
"Não te deixarei morrer, David Crockett", Miguel Sousa Tavares.